quarta-feira, julho 12, 2006

- Pobrezinha! - exclamou Luísa, agarrando a mão de Júlia - como é que ainda consegues viver?
- Isso é segredo - respondeu a marquesa, deixando escapar um gesto de candura quase infantil. - Escuta. Tomo ópio. A história da Duquesa de..., em Londres, deu-me a idéia. Tu sabes, Maturin aproveitou-a para um romance. Minhas gotas de láudano são muito fracas. Durmo. Só passo sete horas acordada, e as consagro à minha filha...

em A Mulher de Trinta Anos, Honoré de Balzac. (negrito meu)

***

Coube a Paracelso, médico suíço que viveu entre 1493 e 1541, portanto no alvorecer da Renascença, o mérito de reintroduzir o uso médico do ópio na Europa Ocidental 6. Paracelso foi tão entusiasta dessa droga que a carregava sempre consigo e a denominou "pedra da imortalidade" 9. O termo láudano é usado na literatura médica do século XVII como designativo de um medicamento de eficácia comprovada, e muitos médicos famosos tinham um láudano com o seu nome. Há dúvidas se o láudano de Paracelso continha ópio 17. Já o láudano de Sydenham foi a principal preparação líquida contendo ópio, usada na Inglaterra no século XVII e teve grande aceitação na Europa e nas Américas até o início do século XX 18. Sydenham, não menos entusiasta do ópio do que Paracelso, declarou: "Entre os remédios oferecidos por Deus Todo Poderoso para aliviar o sofrimento do homem nenhum é tão universal e tão eficaz quanto o ópio" 6. O láudano de Sydenham continha ópio, vinho de cereja, açafrão, cravo e canela 17. Ainda no século XVII surgiram outras preparações das quais pode-se destacar o Pó de Dover que consistia em uma mistura de ópio, sal, tártaro, alcaçuz e ipecacuanha, e o Paregórico da autoria de Le Mort, professor da Universidade de Leyden entre 1702 e 1718. Uma fórmula modificada, com a denominação de Elixir Paregórico contendo ópio, mel, cânfora, anis e vinho, foi publicada na Farmacopéia de Londres de 1721 9. Na mesma época, uma outra preparação conhecida como Láudano de Rousseau esteve em voga na Europa Continental 9. Contudo, os efeitos adversos do ópio ficaram cada vez mais conhecidos, preocupando o próprio Sydenham cujo entusiasmo pela droga era notório.


daqui. de novo, os negritos são meus.
(mas o láudano de Sydenham devia ser bom, hein?)

2 comentários:

Anônimo disse...

- que droga é essa mulher?
- pergunda boba! Ópio, claro!

fernanda disse...

comi florzinhas hj.
:)