(word) fashion victims
no post anterior eu usei uma expressão de propósito. "ubiquitous".
só porque é temdêmcia.
só pq todo mundo está usando.
não tinha o menor cabimento o uso dela naquele contexto. vaca preta ubiquitous ?
mas eu quis fazer isso pra falar numa coisa que há muito tempo me incomoda: a apropriação indevida de certas expressões e sua disseminação indiscriminada. quando eu estava na faculdade de design, cansei de ouvir valor agregado, competitividade, e mais um monte de coisa que rapidamente se tornou lixo na boca de (principalmente) publicitários oportunistas.
e não são só jargões profissionais não. outro dia, desabafando com uma amiga sobre isso, dei um exemplo que todo mundo conhece: colesterol. há 10 ou 15 anos ninguém falava nisso. era só mais um item que os médicos pediam em exames de sangue. mas aí começaram a divulgar reportagens sobre o assunto. de uma hora pra outra os supermercados foram tomados por azeites e outros óleos vegetais que traziam em suas embalagens o famoso "NÃO CONTÉM COLESTEROL".
meu sangue ferve com essas coisas.
quem fez segundo grau (agora é ensino médio, né?) sabe que colesterol é um lipídio de origem exclusivamente animal. logo, nem azeite, nem óleo de canola, nem de girassol, nem de milho, nem de soja, nem de planta nenhuma vai ter colesterol.
colocar esse tipo de informação numa embalagem de produto vegetal pra mim é, no mínimo, má fé. mas no mínimo mesmo.
e eu não sou a única pessoa que se incomoda com esses modismos vocabulares. há poucos dias, durante uma aula, uma professora estava criticando a palavra "modelagem", que vem sendo usada a torto e a direito na área acadêmica. e que significa passar um problema para a linguagem matemática. ela dá aulas há quase 30 anos e agora tem que falar nisso pq tá na moda.
mas voltando à área que eu entendo.
pessoas que estudaram design (sejam ou não designers) sabem que esse é um processo que NECESSARIAMENTE leva em conta o usuário. nós estudamos ciências humanas. nós temos que conhecer pra quem está sendo feito o projeto. é muito diferente do resultado obtido pelo sobrinho do dono de uma fabrica de injeção em plásticos, que resolve fazer uma embalagem de água oxigenada diferente, bonitinha. designers se preocupam com a estética sim, mas não de uma maneira gratuita. a beleza é agradável, as pessoas gostam de coisas bonitas, a vida fica um pouquinho melhor. mas as pessoas precisam de coisas que resolvam os seus problemas. e uma coisa que seja só bonitinha mas não sirva ao propósito inicial não vai cumprir o seu papel. isso não é design.
não vamos estragar expressões como usabilidade e centrar no usuário.
elas são importantes num processo, não para vender o peixe do cliente.
Um comentário:
dose também é falar do panorama geral da coisa toda, né. dose.
vou começar uma moda. "a torto e a direito" parece promissor, hein? que cê acha? hahahhaha beijo :*
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