segunda-feira, junho 26, 2006

aliás...

Torturava-se com recriminações, mas terminou por se convencer de que era no fundo normal que não soubesse o que queria: nunca se pode saber aquilo que se deve querer, pois só se tem uma vida e não se pode nem compará-la com as vidas anteriores nem corrigi-las nas vidas posteriores.
(...)
Não existe meio de verificar qual é a boa decisão, pois não existe termo de comparação. Tudo é vivido pela primeira vez e sem preparação. Como se um ator entrasse em cena sem nunca ter ensaiado. Mas o que pode valer a vida, se o primeiro ensaio da vida já é a própria vida? É isso que faz com que a vida pareça sempre um esboço. No entanto, mesmo "esboço" não é a palavra certa porque um esboço é sempre um projeto de alguma coisa, a preparação de um quadro, ao passo que o esboço que é a nossa vida não é o esboço de nada, é um esboço sem quadro.

A insustentável leveza do ser, Milan Kundera.

Um comentário:

Anônimo disse...

Das duas uma: ou você pira, porque não tem como saber se você fez bem e portanto toda escolha tem boas chances de ser errada, ou você fica irresponsável, porque como não dá para saber o resultado pode-se escolher a alternativa mais agradável sempre.

Sou mais a segunda. A vida não pode ser tão séria assim. Não vim a trabalho, vim a passeio.

bjs

Fernão