domingo, abril 09, 2006

da fsp de hj:


São Paulo, domingo, 09 de abril de 2006

MENTE SÃ

É o índice de moradores dessa região que necessita de tratamento, diz estudo ligado à OMS que já ouviu 3.000 pessoas

10% da Grande SP precisa de psiquiatra
DANIELA TÓFOLI

DA REPORTAGEM LOCAL

Um em cada dez moradores da Grande São Paulo, a maior região metropolitana do país, precisa de tratamento psiquiátrico. É o que diz um levantamento executado pelo Hospital das Clínicas para um estudo que a Organização Mundial da Saúde (OMS) promove em 28 países. A pesquisa São Paulo Megacity também indica que cerca de 40% dos moradores dessa região sofrem de algum tipo de transtorno psiquiátrico -leve, moderado ou grave.
Os números, altos, não assustam os médicos, já que levam em conta todas as doenças psiquiátricas -de dependência à nicotina a síndrome do pânico, incluindo depressão e bulimia. As estatísticas fazem parte do levantamento preliminar da pesquisa, que visa determinar a incidência e o tipo de transtornos psiquiátricos que vêm atingindo a população.
A pesquisa integra o Estudo Mundial de Saúde Mental Social, da OMS, promovido em países como EUA, França, Alemanha, Nigéria, Colômbia e México.
No Brasil, ela teve início em maio do ano passado e deve levar mais um ano para ser concluída. Já foram entrevistados cerca de 3.000 habitantes da Grande São Paulo (de todas as classes sociais, com 18 anos ou mais, divididos por sexo), e serão ouvidos mais 2.500. "Cerca de 40% desses 3.000 pesquisados mostraram algum tipo de transtorno, mas ainda não sabemos quantos são leves, graves", diz a coordenadora do projeto, Laura Helena Silveira Guerra de Andrade. "A estimativa é que cerca de 10% precisam de tratamento." Este pode ser uma terapia ou incluir o uso de remédios.
Miguel Jorge, professor do departamento de psiquiatria da Unifesp, diz que as estatísticas comprovam o que acontece nos hospitais. "Se considerarmos as dependências aos produtos químicos, como álcool e nicotina, os transtornos devem atingir cerca de 40% da população", afirma. "E acredito que o número de pacientes que precisam de tratamento em algum momento da vida pode chegar a até 20%. Essa pesquisa nos dará mais dados."
A São Paulo Megacity é formada pela fase domiciliar, onde as pessoas são ouvidas em casa, e pela hospitalar, na qual cerca de 750 entrevistados serão acompanhados por médicos do HC. "Faremos exames psiquiátricos, clínicos e até genéticos para encontrar as causas dos transtornos", diz Andrade. "Ela está no início. Por enquanto temos 70 pacientes."
Dos países participantes do estudo, 14 concluíram seus projetos e estão apresentando resultados. Na Nigéria, 80,9% apresentaram algum transtorno em até 12 meses antes da entrevista. No outro extremo vem a China, com 4,3%.
As doenças mais comuns, excluída a dependência da nicotina, são ansiedade e depressão. "Por aqui, os dados não deverão ser muito diferentes", diz Andrade. "As mulheres sofrem mais dessas doenças. O homem tem mais dependência química, como a do álcool. Com dados concretos, poderemos melhorar as ações do sistema público de saúde."
A ansiedade e a depressão, diz, têm se tornado cada vez mais comuns. "Além de termos diagnóstico mais preciso, o cotidiano está mais estressante. Recebemos informações de todos os lados e temos cada vez mais tarefas."
Um dos exemplos mais comuns é a busca à todo custo pela magreza. "Mulheres mais radicais não correm o risco só de ter bulimia. Podem apresentar depressão, ansiedade e até fobia. A prevenção deve focar na troca de hábitos."

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