De todas as roupas vendidas no país, 29% são versões falsificadas das marcas originais. Dos brinquedos comercializados, 24% são imitações dos sucessos infantis. Dos tênis, 16% são "genéricos" dos ícones da moda. E, segundo reportagem do Valor Econômico, quem consome toda essa pirataria não é só a classe baixa. Muitas pessoas de alta renda compram, embora nem sempre assumam. Cerca de 77% dos consumidores brasileiros admitem já ter adquirido algum produto pirata nestas categorias.
Considerando-se apenas os três setores acima - roupas, brinquedos e tênis -, a pirataria representa uma perda de 23 bilhões de reais ao ano no faturamento das indústrias nacionais e faz com que 12,8 bilhões de reais em impostos deixem de ser arrecadados. Os dados são de uma pesquisa realizada pelo Ibope para o Instituto Dannemann Siemsen (IDS), a Câmara de Comércio dos Estados Unidos e o Conselho Empresarial Brasil-Estados Unidos (seção americana).
"É uma compra consciente, intencional, justificada pelo preço que pode ser até 75% menor na versão pirata" , diz José Henrique Werner, conselheiro do IDS. Segundo ele, o objetivo da pesquisa é mostrar para as autoridades que os altos índices de pirataria vão além dos CDs, DVDs e softwares, categorias para onde estão focadas as ações de repressão.
A pesquisa foi feita nos três maiores centros de consumo do país: São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. De acordo com Werner, existe hoje uma preocupação especial com a capital mineira, que está virando um pólo de distribuição de produtos pirateados para outras regiões do país. "Com o aumento da repressão em mercados como São Paulo, o crime organizado foi para Belo Horizonte."
Foram entrevistados consumidores com idade acima dos 16 anos. Entre os mineiros, 84% compram sempre ou já compraram pelo menos uma vez produtos piratas. Entre os cariocas, este índice é de 78%. Entre os paulistanos, 69%.
Os dados serão levados ao Conselho Nacional de Combate à Pirataria e às autoridades municipais e estaduais ligadas à repressão. Os patrocinadores da pesquisa, entre eles a fabricante de brinquedos Mattel, esperam que os resultados contribuam para o planejamento das ações de repressão.
quinta-feira, abril 13, 2006
12/04/2006
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