quinta-feira, agosto 31, 2006

encerro hj meu período forçado de síndica interina.
pretendo não possuir nenhum imóvel pra não correr o risco disso acontecer novamente.
só não afirmo com mais intensidade pq costumo pagar língua.

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esmaltes, meias, livros, camisetas, sapatinho de plástico, feltro de tudo quanto é cor, e o melhor chá comprável em supermercados.
fico feliz com presentinhos e encomendas!

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vi isso hj e a-do-rei. racing grans, da urbn inglesa.

também acho:

São Paulo, quinta-feira, 31 de agosto de 2006

Crítica

Beleza de "O Clã das Adagas Voadoras" enjoa
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

A China, ao menos a cinematográfica, é nada menos que três: Taiwan, Hong Kong e China propriamente dita. Cada uma comporta tendências diversas, em particular Taiwan.
Trata-se, portanto, de um continente. O país de economia mais vigorosa do mundo ostenta uma vitalidade rara no cinema. O que não significa que estejamos obrigados a apreciar tudo o que vem de lá.
Um dos primeiros a chegar até nós -à parte dos filmes de lutas marciais- foi Zhang Yimou, seduzindo com sua combinação de discurso feminista e palácios desencantados.
Mas logo ficou claro que Yimou era um esteta, no mau sentido. Quase um Zeffirelli de olhos puxados.
O recente "O Clã das Adagas Voadoras" (Telecine Cult, 18h), por exemplo, trata do que mesmo? Há uma cega. Ela dança, guerreia e seduz como ninguém. Tudo no filme busca o encantamento.
E, mesmo na guerra, tudo vai se adocicando a tal ponto que se torna insuportavelmente enjoativo.


segunda-feira, agosto 28, 2006

Após nove anos longe do Brasil, a banda americana de punk NOFX desembarca pela segunda vez no país para quatro shows da turnê do novo álbum, "Wolves In Wolves' Clothing".

isso me fez lembrar de uma noite, há nove anos.
no meio fio, na praça de santa tereza.
conhaque + fanta laranja. quente. muito.
um show acontecendo e eu andando entre a platéia, conversando com pessoas e tal.
na manhã seguinte, um mal-entendido divertidíssimo, que nunca foi desfeito.

sábado, agosto 26, 2006

a receita é tão boa, mas tããão boa, que eu não vou só deixar o link.
foi meu almoço de hj:


Batata Indiana
Receita indicada por Solange Coelho Vereza

Ingredientes:
- 1 kg de batata cozida(s) em rodela(s)
- 1 unidade(s) de cebola picada(s) finamente
- 2 dente(s) de alho amassado(s)
- quanto baste de gengibre ralado(s)
- 1 colher(es) (chá) de curry
- 1 colher(es) (chá) de cominho em grãos
- 1 vidro(s) de leite de côco
- 1/2 lata(s) de creme de leite

Modo de preparo:
Cubra um refratário grande com a batata. Numa panela, doure bem a cebola com o alho e gengibre, em fogo não muito alto. Polvilhe o curry e o cominho, e refogue-os por 1 minuto. Desligue o fogo e acrescente o leite de côco e o creme de leite, misturando bem. Acrescente sal a gosto. Cubra as batatas com essa mistura e asse até elas ficarem douradas e o creme solidificar um pouco (cerca de 40 minutos, em temperatura média). Acompanha bem carnes e aves.

agora é sério.

em bairros povoados pela elite branca não se encontram papéis de presente daqueles tradicionais, baranguinhos e tão bonitinhos. o mesmo vale para os papéis contact.
só se acham personagens da disney, desenhos suaves e bem planejados, tudo muito certinho.

o baranguinho, nesses bairros, só serve pra enrolar cartolina.

sexta-feira, agosto 25, 2006

um dos melhores programas de televisão de todos os tempos:
people like us
uma produção da bbc, de londres.
exibido no brasil pelo eurochannel.

maiores informações aqui e aqui.

São Paulo, sexta-feira, 25 de agosto de 2006

BARBARA GANCIA

McDia Infeliz

Não seria mais coerente apoiar um movimento para esclarecer a juventude sobre os riscos da obesidade?

ALÔ, RONALD MCDONALD, o palhacinho preferido das crianças obesas! Quer dizer que amanhã tem McDia Feliz na rede de lanchonetes McDonald's?

Para quem não sabe, o McDia Feliz é aquele sábado do ano em que toda a renda obtida com a venda do sanduíche Big Mac é doada ao Graac (Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer).

A campanha, de âmbito nacional, é divulgada nas escolas e conta com o trabalho dedicado de dezenas de milhares de voluntários, entre os quais constam instituições financeiras, como o Banco Real, que neste ano adquiriu 7.000 vales-Big Mac para distribuir entre seus funcionários, e grandes empresas, como a Philco, que desenvolveu uma campanha com os seus vendedores para dar vales-Big Mac de acordo com a performance de cada um.

Não é comovente ver o país inteiro se juntar em mutirão por uma boa causa? Bem, como não me incomodo em fazer o papel de estraga prazeres, respondo ao meu próprio questionamento com um sonoro NÃO.

Antes que você diga que sou do contra ou que estou pouco me lixando para as crianças e os adolescentes com câncer, gostaria de lembrá-lo, meu nobre leitor, de que a comida do McDonald's faz mal à saúde.

Comprovadamente. O documentário indicado ao Oscar, "Super Size Me - A Dieta do Palhaço", de Morgan Spurlock, está aí que não deixa mentir. Depois que o filme foi lançado nos EUA, o McDonald's se viu obrigado a tirar as gigantescas porções "super size" do cardápio.

Os funcionários do banco Real e da Philco podem fazer com seus estômagos o que bem entenderem, mas, se tenho escolhas melhores, por que eu deveria comer algo que é nocivo à saúde para ajudar crianças e adolescentes com câncer?

Aliás, porque será que o McDonald's escolheu justamente as crianças, indefesas, como o objeto de sua campanha? Não seria mais coerente apoiar um movimento para esclarecer a juventude sobre os graves riscos da obesidade?

Parece mesmo que algumas pessoas só usam a cabeça para apoiar o chapéu. Não está na cara que a qualidade da alimentação influi, e muito, na saúde e na longevidade? Pois o McDonald's fazer campanha para ajudar crianças com câncer não é mais ou menos a mesma coisa que uma Philip Morris ou uma Souza Cruz da vida promoverem campanhas para levantar fundos em prol das vítimas de câncer no esôfago e no pulmão? Não é o equivalente aos fabricantes de bebidas alcoólicas financiarem campanhas para ajudar as vítimas de acidentes de trânsito?

Apoiar qualquer ação do McDonald's significa incentivar o consumo diário de carne, hábito que está devastando o planeta, a começar pela Amazônia. É de admirar que empresas de porte não vejam nada de errado em ligar o seu nome ao de uma campanha canhestra como a do McDia Feliz. Se desejam doar dinheiro para ajudar a quem precisa, por que não o fazem diretamente, depositando o tutu na conta corrente do Gracc, da Santa Casa ou de outra entidade de escolha? Será que ninguém no banco Real ou na Philco se deu conta de que parte do dinheiro doado ao McDia Feliz vai parar, na forma de impostos, nos cofres do governo?


barbara@uol.com.br

(negritos meus.)

quinta-feira, agosto 24, 2006

já vi isso em algum lugar...

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outra coisa gostosa: ervilha torta refogada com molho de tomate.

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há um ano eu estava com aqueles sentimentos misturados.

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eu IA responder isso. mas não quero me entregar tanto.
pra quem quiser responder e passar pra frente...


some THINGS YOU MIGHT NOT KNOW ABOUT me:


A) THE FOUR MOST STYLISH PEOPLE THAT INFLUENCED/INSPIRED ME:
1.
2.
3.
4.

B) FOUR WAYS THAT STYLE MAKES THE WORLD A BETTER PLACE
1.
2.
3.
4.

C) FOUR OF MY FAVORITE DESIGNERS
1.
2.
3.
4.

D) FOUR JOBS I HAVE HAD IN MY LIFE:
1.
2.
3.
4.

E) FOUR MOVIES I WOULD WATCH OVER AND OVER (AND DO):
1.
2.
3.
4.

F) FOUR PLACES WHERE I HAVE LIVED:
1.
2.
3.
4.

G) FOUR TV SHOWS I LOVE TO WATCH:
1.
2.
3.
4.

H) FOUR PLACES I HAVE BEEN ON VACATION IN THE LAST FOUR YEARS:
1.
2.
3.
4.

I) FOUR WEBSITES I VISIT DAILY (Or at least Weekly):
1.
2.
3.
4.

J) FOUR OF MY FAVORITE FOODS:
1.
2.
3.
4.

K) FOUR PLACES I WOULD RATHER BE RIGHT NOW:
1.
2.
3.
4.


*#*#*#*#*

estou tentando seguir as recomendações médicas.
eu disse tentando.

terça-feira, agosto 22, 2006

num dos meus sonhos dessa noite, eu tentava explicar uma das causas da bela situação em que o brasil, em particular, e o planeta, no geral, se encontram.
eu tinha toda a explicação na minha cabeça, mas não conseguia falar, não faziam silêncio pra que eu pudesse ser ouvida claramente por todos. não lembro direito onde eu estava.
mas lembro da minha teoria: enquanto as pessoas não pararem de se comportar como uma massa, que é governada e está à mercê de quem tem o poder, nada mudará. só quando cada um se vir como indivíduo, capaz de fazer e modificar as coisas sem esperar que algum político resolva tudo, é que começaremos o processo de mudança. aquela coisa do "se cada um fizer a sua parte, já é um bom início".

e é o que eu penso mesmo.

almoço delícia de ontem:

- tabule feito por mim (tenho que aprender a fazer porçoes pequenas. vou comer tabule por uns 3 dias)
- bife de soja da casa nascente do sol

sábado, agosto 19, 2006

Take the quiz:
Were you born to be famous?

GET ME OUT OF THE SPOTLIGHT
Well, you certainly spend a lot of time hiding from the spotlight, don't you? Being the center of attention comes with a lot of pressure and it can certainly be scary. But have you ever considered that people might be truly interested in you? Let yourself be the center of attention now and then-you might even enjoy it. You should never, ever deny yourself your moment to shine!

Quizzes by myYearbook.com -- the World's Biggest Yearbook!

almocinho delícia de ontem, feito por mim:

- salada de ervilha torta com sal, azeite e alecrim;
- arroz com ervas;
- estrogonofe vegetariano, com batata, cenoura, milho, couve-flor e brócolis.

quinta-feira, agosto 17, 2006

Take the quiz:
What type of kisser are you?

Playfull kisser
you and your girl/boy friend will have a very fun relationship

Quizzes by myYearbook.com -- the World's Biggest Yearbook!

quarta-feira, agosto 16, 2006

SÚMULA
Herberto Helder

Minha cabeça estremece com todo o esquecimento.
Eu procuro dizer como tudo é outra coisa.
Falo, penso.
Sonho sobre os tremendos ossos dos pés.
É sempre outra coisa, uma
só coisa coberta de nomes.
E a morte passa de boca em boca
com a leve saliva,
com o terror que há sempre
no fundo informulado de uma vida.

Sei que os campos imaginam as suas
próprias rosas.
As pessoas imaginam os seus próprios campos
de rosas. E às vezes estou na frente dos campos
como se morresse;
outras, como se agora somente
eu pudesse acordar.

Por vezes tudo se ilumina.
Por vezes canta e sangra.
Eu digo que ninguém se perdoa no tempo.
Que a loucura tem espinhos como uma garganta.
Eu digo: roda ao longe o outono,
e o que é o outono?
As pálpebras batem contra o grande dia masculino
do pensamento.

Deito coisas vivas e mortas no espírito da obra.
Minha vida extasia-se como uma câmara de tochas.

- Era uma casa - como direi? - absoluta.

Eu jogo, eu juro.
Era uma casinfância.
Sei como era uma casa louca.
Eu metias as mãos na água: adormecia,
relembrava.
Os espelhos rachavam-se contra a nossa mocidade.

Apalpo agora o girar das brutais,
líricas rodas da vida.
Há no esquecimento, ou na lembrança
total das coisas,
uma rosa como uma alta cabeça,
um peixe como um movimento
rápido e severo.
Uma rosapeixe dentro da minha ideia
desvairada.
Há copos, garfos inebriados dentro de mim.
- Porque o amor das coisas no seu
tempo futuro
é terrivelmente profundo, é suave,
devastador.

As cadeiras ardiam nos lugares.
Minhas irmãs habitavam ao cimo do movimento
como seres pasmados.
Às vezes riam alto. Teciam-se
em seu escuro terrífico.
A menstruação sonhava podre dentro delas,
à boca da noite.
Cantava muito baixo.
Parecia fluir.
Rodear as mesas, as penumbras fulminadas.
Chovia nas noites terrestres.
Eu quero gritar paralém da loucura terrestre.
- Era húmido, destilado, inspirado.
Havia rigor. Oh, exemplo extremo.
Havia uma essência de oficina.
Uma matéria sensacional no segredo das fruteiras,
com as suas maçãs centrípetas
e as uvas pendidas sobre a maturidade.
Havia a magnólia quente de um gato.
Gato que entrava pelas mãos, ou magnólia
que saía da mão para o rosto
da mãe sombriamente pura.
Ah, mãe louca à volta, sentadamente
completa.
As mãos tocavam por cima do ardor
a carne como um pedaço extasiado.

Era uma casabsoluta - como
direi? - um
sentimento onde algumas pessoas morreriam.
Demência para sorrir elevadamente.
Ter amoras, folhas verdes, espinhos
com pequena treva por todos os cantos.
Nome no espírito como uma rosapeixe.

- Prefiro enlouquecer nos corredores arqueados
agora nas palavras.
Prefiro cantar nas varandas interiores.
Porque havia escadas e mulheres que paravam
minadas de inteligência.
O corpo sem rosáceas, a linguagem
para amar e ruminar.
O leite cantante.

Eu agora mergulho e ascendo como um copo.
Trago para cima essa imagem de água interna.
- Caneta do poema dissolvida no sentido
primacial do poema.
Ou o poema subindo pela caneta,
atravessando seu próprio impulso,
poema regressando.
Tudo se levanta como um cravo,
uma faca levantada.
Tudo morre o seu nome noutro nome.

Poema não saindo do poder da loucura.
Poema como base inconcreta de criação.
Ah, pensar com delicadeza,
imaginar com ferocidade.
Porque eu sou uma vida com furibunda
melancolia,
com furibunda concepção. Com
alguma ironia furibunda.

Sou uma devastação inteligente.
Com malmequeres fabulosos.
Ouro por cima.
A madrugada ou a noite triste tocadas
em trompete. Sou
alguma coisa audível, sensível.
Um movimento.
Cadeira congeminando-se na bacia,
feita o sentar-se.
Ou flores bebendo a jarra.
O silêncio estrutural das flores.
E a mesa por baixo.
A sonhar.

In «Ou o Poema Contínuo», Assírio & Alvim, 2001

- terminado: fátima fez os pés para mostrar na choperia, de marcelo mirisola -> muito bom. rapaz de futuro.

- começado: o pirotécnico zacarias e outros contos escolhidos, de murilo rubião.

domingo, agosto 13, 2006

cansada e triste.
não sei pq eu ainda insisto em certas coisas.
vontade de dar tchau, sair e não ver nunca mais.
pra mim a brincadeira acabou.
cansei.

sábado, agosto 12, 2006

O filme Terráqueos já disponível na internet para fins educacionais. Não deixe de assistir este que é um dos filmes mais armados de argumentos abolicionistas. Reserve alguns minutos para refletir.

Earthlings (Terráqueos) - Português (Legendado)
Versão completa (95 minutos)

Assista aqui:
http://video.google.com/videoplay?docid=-5923245618644065423

“De todos os filmes que eu já fiz, este é o que as pessoas mais comentam.Para cada pessoa que ver EARTHLINGS, elas contarão para outras três.”
-Joaquin Phoenix, ator/narrador

“Se eu pudesse fazer com que todos no mundo vissem um filme, eu os fariaver EARTHLINGS.”

-Peter Singer, autor Libertação Animal

EARTHLINGS (Terráqueos) é um documentário sobre a absoluta dependência dahumanidade em animais (para companhia, comida, roupa, entretenimento, epesquisa científica), mas também demonstra nosso completo desrespeito porestes chamados "provedores não-humanos." O filme é narrado pelo indicadoao Oscar Joaquin Phoenix (GLADIADOR) e apresenta música pelo artista deplatina renomado pela crítica Moby.

Com um estudo profundo em pet shops, fábricas de filhotes e abrigos de animais, como também em fazendas industriais, o comércio de couro e de peles, as indústrias de esportes e entretenimento, e finalmente a profissão médica e científica, EARTHLINGS usa câmeras escondidas e imagens nunca antes vistas para demonstrar as práticas cotidianas de algumas das maiores indústrias do mundo, todas as quais dependem totalmente em animais para o lucro. Poderoso, informativo e provocador, EARTHLINGS é de longe o documentário mais compreensível já produzido na correlação entre a natureza, animais, e os interesses econômicos humanos. Existem muitos filmes valiosos de direitos dos animais, mas este transcende o cenário.

EARTHLINGS grita para ser visto.

"Por favor, mostre este vídeo para outras pessoas. Obrigado por assistir."

Assista aqui:
http://video.google.com/videoplay?docid=-5923245618644065423


Para maiores informações em como adquirir o vídeo legendado, entre em contato:
Gato Negro - Núcleo Libertação Animal
gatonegro@riseup.net



Outros vídeos traduzidos pelo grupo:

Mundo vegetariano:

http://video.google.com/videoplay?docid=6550301632794706439

Engula isso (Chew on this):
http://video.google.com/videoplay?docid=-8533586834187470003

Meet your Meat:
http://video.google.com/videoplay?docid=195777870900147944

vídeos:

- um clipe do dresden dolls: http://www.youtube.com/watch?v=Res5-iC0gkk
- uma paródia dele: http://www.youtube.com/watch?v=x4L8d0r-rJ4
- um clipe óóótimo: http://www.youtube.com/watch?v=GkHqBqyHDok

quarta-feira, agosto 09, 2006

não faço a menor questão de ter um mínimo de educação com pessoas que eu não engulo.
mesmo que não exista um motivo " " concreto pra não-deglutição.
não tolero risadinhas, comentários imbecis nem a voz.

já com as pessoas por quem eu tenho alguma simpatia, costumo me esforçar mais um pouco.


o mau humor tomou conta de mim hj.
com força.

terça-feira, agosto 08, 2006

ei, você, que acredita que os seres humanos são superiores aos outros seres vivos!
ei, você, que baseia sua crença na afirmação de que os dominantes são os superiores!

não fui eu que disse isso:

(...)
No começo do Gênese está escrito que Deus criou o homem para reinar sobre os pássaros, os peixes e os animais. É claro, o Gênese foi escrito por um homem e não por um cavalo. Nada nos garante que Deus desejasse realmente que o homem reinasse sobre as outras criaturas. É mais provável que o homem tenha inventado Deus para santificar o poder que usurpou da vaca e do cavalo. O direito de matar um veado ou uma vaca é a única coisa sobre a qual a humanidade inteira manifesta acordo unânime, mesmo durante as guerras mais sangrentas.
Esse direito nos parece natural porque somos nós que estamos no alto da hierarquia. Mas bastaria que um terceiro entrasse no jogo, por exemplo, um visitante de outro planeta a quem Deus tivesse dito: "Tu reinarás sobre as criaturas de todas as outras estrelas", para que toda a evidência do Gênese fosse posta em dúvida. O homem atrelado à carroça de um marciano - eventualmente grelhado no espeto por um habitante da Via-Láctea - talvez se lembrasse da costeleta de vitela que tinha o hábito de cortar em seu prato. Pediria então (tarde demais) desculpas à vaca.
(...)
No caminho encontram uma vizinha que está indo para o estábulo, calçada com botas de borracha. A vizinha pára: - O que aconteceu com seu cachorro? Parece que está mancando! Tereza responde: - Está com câncer. Está condenado - e sente a garganta apertar, quase não pode falar. A vizinha percebe as lágrimas de Tereza e fica indignada: - Pelo amor de Deus, não vai chorar por causa de um cachorro! - Não disse isso por maldade, é uma boa mulher, foimais para consolar Tereza. Tereza sabe disso, mora no lugar há tempo suficiente para compreender que se os camponeses gostassem de seus coelhos como ela gosta de karenin não poderiam matá-los e acabariam morrendo de fome no meio de seus bichos. Ho entanto a observação da vizinha lhe parece hostil. - Sei - responde sem protestar, mas apressa em dar-lhe as costas e continuar seu caminho. Sente-se sozinha em seu amor pelo cão. Pensa com um sorriso triste que deve escondê-lo mais secretamente do que se escondesse uma infidelidade. O amor que se tem por um cachorro escandaliza. (...)
Segue seu caminho com as novilhas que se esfregam umas nas outras, dizendo a si mesma que são bichos muito simpáticos. Pacíficos, sem malícia, às vezes de uma alegria pueril: parecem mulheres gordas, cinqüentonas, que fingissem ter quatorze anos. Não existe nada mais comovente que vacas brincando. Tereza as olha com ternura, e diz para si mesma (é uma idéia que lhe ocorre sem cessar há dois anos) que a humanidade é parasita da vaca, assim como a tênia é parasita do homem: agarrou-se à sua teta como uma sanguessuga. O homem é o parasita da vaca, essa é, sem dúvida, a definição que um não-homem poderia dar ao homem em sua zoologia.
Pode-se tomar essa definição como um simples gracejo e sorrir com indulgência. Tereza porém leva a sério, e fica numa posição arriscada: essas idéias são perigossas e a distanciam da humanidade. Já no Gênese, Deus encarregou o homem de reinar sobre os animais, mas podemos explicar isso dizendo que ele apenas emprestou ao homem esse poder. O homem não era o proprietário mas apenas o gerente do planeta, e um dia teria de prestar contas de sua gestão. Descartes deu o passo decisivo: fez do homem "maître et propriétaire de la nature". Que seja precisamente ele quem nega de maneira categórica que os animais tenham alma, eis aí uma enorme coincidência. O homem é senhor e proprietário, enquanto o animal, diz Descartes, não passa de um autômato, uma máquina animada, uma machina animata. Quando um animal geme, não é uma queixa, é apenas o ranger de um mecanismo que funciona mal. Quando a roda de uma charrete range, isso não quer dizer que a charrete sofra, mas apenas que ela não está lubrificada. Devemos interpretar da mesma maneira os gemidos dos animais, e é inútil lamentar o destino de um cachorro que é dissecado vivo num laboratório.
As novilhas pastam no prado, Tereza está sentada sobre um tronco de árvore e Karenin estendida a seus pés, a cabeça recostada em seus joelhos. Tereza lembra-se de uma notícia de duas linhas que lera no jornal há uns dez anos: dizia que numa cidade da Rússia todos os cachorros haviam sido mortos. Essa notícia discreta e aparentemente sem importância tinha-lhe feito sentir pela primeira vez o horror que emanava desse imenso vizinho.
Era uma antecipação de tudo que viria depois: nos dois primeiros anos que se seguiram à invasão russa, não se podia ainda falar em terror. Já que toda nação desaprovava o regime de ocupação, era preciso que os russos encontrassem entre os tchecos homens novos e os levassem ao poder. Mas onde encontrá-los, uma vez que a fé no comunismo e o amor pela Rússia eram coisa morta? Foram procurar entre aqueles que alimentavam intimamente o desejo de se vingar da vida. Era preciso soldar, alimentar, manter alerta a agressividade deles. Era preciso primeiro treiná-los contra um alvo provisório. Esse alvo foram os animais.
Os jornais começaram então a publicar uma série de artigos e a organizar campanhas sob a forma de cartas de leitores. Exigia-se, por exemplo, o extermínio dos pombos numa cidade. Os pombos foram exterminados. Mas a campanha visava sobretudo aos cachorros. As pessoas estavam aida traumatizadas com a catástrofe da ocupação, mas os jornais, o rádio, a televisão, só falavam nos cachorros que sujavam as calçadas e os jardins públicos, ameaçando a saúde das crianças, cachorros que não serviam pra nada e ainda tinham que ser alimentados. Fabricou-se um verdadeira psicose, e Tereza teve medo de que a população excitada se voltasse contra Karenin. Um ano mais tarde, o ódio acumulado (ensaiado primeiro sobre os animais), foi apontado para o seu verdadeiro alvo: o homem. As demissões, as prisões, os processos começaram. Os animais puderam enfim respirar.
(...)
A verdadeira bondade do homem só pode se manifestar com toda a pureza, com toda a liberdade, em relação àqueles que não representam nenhuma força. O verdadeiro teste moral da humanidade (o mais radical, num nível tão profundo que escapa a nosso olhar) são as relações com aqueles que estão à nossa mercê: os animais. É aí que se produz o maior desvio do homem, derrota fundamental da qual decorrem todas as outras.
(...) Mas a aldeia tornou-se uma grande usina cooperativa e as vacas passam a vida em dois metros quadrados de estábulo. Não têm mais nome, são apenas machinae animatae. O mundo deu razão a Descartes.
Tenho sempre diante dos olhos Tereza sentada sobre um tronco, acariciando a cabeça de Karenin, e pensando no desvio da humanidade. Ao mesmo tempo, surge para mim uma outra imagem: Nietzsche está saindo de um hotel em Turim. Vê diante de si um cavalo, e um cocheiro espancando-0 com um chicote. Nietzsche se aproxima do cavalo, abraça-lhe o pescoço, e sobo o olhar do cocheiro, explode em soluços.
Isso aconteceu em 1889, e Nietzsche já estava também distanciado dos homens. Em outras palavras: foi precisamente nesse momento que se declarou sua doença mental. Mas, para mim, é justamente isso que confere ao gesto seu sentido profundo. Nietzsche veio pedir ao cavalo perdão por Descartes. Sua loucura (portanto seu divórcio da humanidade) começa no instante em que chora sobre o cavalo.
É este Nietzsche que amo, da mesma forma que amo Tereza, acariciando em sues joelhos a cabeça de um cachorro mortalmente doente. Vejo-os lado a lado: os dois se afastam do caminho no qual a humanidade, "senhora e proprietária da natureza", prossegue sua marcha para a frente.


Milan Kundera in: A Insustentável Leveza do Ser. 1983.

na tela:
- oldboy: gratuito;
- matchpoint: não é aquilo tudo que me falaram;
- a cicatriz: (dormi em poucos minutos de filme);
- o albergue espanhol: :S filme feito pra comunidade européia e pros brasileiros que pensam em morar numa república em barcelona, ou seja, não foi feito pra mim.

no papel:
- a insustentável leveza do ser, milan kundera: maravilhoso. ainda vou ler mais algumas vezes pra pegar tudo.
- fátima fez os pés para mostrar na choperia, marcelo mirisola: iniciado, mas já me agrada bem. volto a falar mais qdo terminar.

domingo, agosto 06, 2006

Voto nulo e amor de mãe
Guilherme Fiuza


A patrulha do bem tem uma característica inconfundível: se move sempre com a certeza de carregar a verdade absoluta. Daí o feitio quase religioso de suas cruzadas. Os virtuosos estão em campo de novo, agora para mostrar aos distraídos que o voto nulo é ruim para a democracia. Não ouse discordar. Você será tachado de alienado, ignorante ou agente involuntário da corrupção.

Votar nulo está errado, avisam os éticos. E não fique chateado, eles só querem o seu bem. Você é um sujeito distraído que não sabe o que é bom para você, mas para sua sorte tem alguém que sabe. E que vai lhe dizer o que fazer.

Ideais puros são sempre comoventes. Adolf Hitler também acreditou, do fundo da alma, que era preciso purificar a raça humana. Aquilo era tão evidente que o líder alemão resolveu pular a etapa da polêmica: quem fosse contra ia para a prisão ou para debaixo da terra. De fato, quando se tem a certeza da verdade, é irritante perder tempo com discussões inúteis.

Quando o bizarro Enéas foi eleito deputado por São Paulo com uma votação histórica, a patrulha do bem avisou: aquilo era um absurdo. Intelectuais, cientistas políticos e outros guardiões da democracia alertavam que havia algo errado com o eleitorado. São realmente interessantes, esses democratas: amam e defendem a democracia, desde que ela seja praticada conforme o script que trazem dobrado no bolso.

Votar no Enéas está errado. Votar nulo também está errado. Os homens de bem têm o manual de instruções da democracia, portanto é bom não discordar deles. Se você usar sua consciência para votar nulo, você estará beneficiando os políticos fisiológicos, que se mantêm há tanto tempo no poder manobrando o voto dos não-conscientes. Como se vê, eles pensaram em tudo para você. Não é preciso fazer nada, apenas segui-los.

O que é pior: o voto nulo ou o voto entediado? Um eleitorado entediado é capaz, por exemplo, de eleger uma Rosinha Garotinho em primeiro turno. Note-se que o tédio pode ser mais anárquico que a própria anarquia.

O problema da patrulha do bem é que ela, no fundo, detesta a liberdade. Se deixar essa gente solta por aí – pensam eles –, fazendo o que lhe dá na telha, votando no Seu Creysson e no Macaco Tião, vão acabar melando a democracia. Foi mais ou menos o que os militares pensaram no golpe de 64: esse povo distraído fica votando errado, elegendo comunista, e isso aqui vai acabar virando uma ditadura; vamos suspender um pouco esse negócio de voto, para proteger a democracia.

Os mais jovens podem achar que é piada, mas no movimento que instalou a ditadura militar de 64 havia, de fato, gente sinceramente preocupada em proteger a democracia. Assim como essa turma que defende uma constituinte restrita acha, sinceramente, que mudando as pessoas e as regras, ficará para trás o velho fisiologismo e tráfico de influência. De fato ficará, abrindo caminho para fisiologismos e tráficos de influência novos em folha.

Sentinelas do bem, deixem as pessoas votarem como bem entenderem. Deixem as pessoas não votarem, se não quiserem. Deixem as pessoas serem indignadas ou ignorantes a seu modo. Deixem as pessoas deixarem o sistema cair de podre, se for o caso.

Deixem a MTV esculachar os políticos, se ela quiser. Vocês admitiram durante tanto tempo Dirceu, Silvinho e Delúbio como soldados do bem contra o mal. Por que não admitir agora que as pessoas queiram jogar Lula, Alckmin e Heloísa Helena, juntos e bem embrulhados, na mesma lata de lixo?

Votar nulo é um direito. Pode ser um erro. Mas esse diagnóstico não cabe aos patrulheiros. Cabe à história. E ela não costuma diagnosticar em tempo real.

Aos que querem “salvar” as consciências distraídas, é bom lembrar que democracia é como amor de mãe: respeitando a liberdade é uma maravilha, capando-a é uma tragédia.



obs: negritos meus.